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Poema colagem - Homenagem a Mário Cesariny


EXP
16'26
2010

Este pequeno filme, poema, é um extra de uma edição DVD de Autografia de Miguel Gonçalves Mendes. Só foi possível estar aqui, porque o realizador partilhou. Independente de todos as agruras que podem colocar e não serão poucas, o som, a orquestra, o compositor, a qualidade da imagem ou sei lá que outras excentricidades as fronteiras dos nossos egos se barram, não se iludam, estes 16 minutos contêm algo de extraordinário. Um registo único, um retrato maior de um poeta que encarou de frente o que é. Sem medo ou com ele, atravessou os cinzentos fascistas colocando cor onde o perigo da mesma estremecia o mais vulgar dos direitos, a liberdade. Do que está aqui, não será coisa pouca, o trabalho de alguém, como aqueles a quem se homenageia, se entrega à missão de dar um corpo, intenção e tornar a linguagem uma retrato de um mundo que se quer, deseja habitado. Não será coisa pouca, o que pintou, o que escreveu. Não será coisa pouca que morreu num pequeno apartamento esquecido por todos, quase todos, a imensidão. E se isto tudo fosse coisa pouca, e se isto não representasse beleza alguma, discurso algum, se isto merecesse a destruição às mãos dos que fruem, mesmo nessa situação que mais a pedir que a ação. Tirem é o torpor, acarinhem pequenas pérolas, desfaçam-nas se vos apetecer, mas não deixem os loucos sozinhos.

Joaquim Pavão, 2014